sábado, 1 de outubro de 2011

TRABALHO DOS ALUNOS 9º ano R

Aula - Sambas/ Africanidades & Problemática social

Após a pesquisa sobre as raízes/origens do SAMBA e as influências que esta manifestação cultural vem sofrendo ao longo das décadas os alunos dos 9º anos apresentaram os trabalhos em grupos.  Parabéns a todos que desenvolveram as atividades.

  

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A África em nós

Nei Lopes, poeta, músico e escritor fala sobre o continente africano e a africanidade brasileira.





Nei Lopes

O elogio da mestiçagem tem sido um empecilho ao avanço dos direitos dos negros."

Rodrigo Elias e Vivi Fernandes de Lima

Nei Lopes está de bem com a vida. No sossego de seu sítio em Seropédica, a 75 quilômetros da cidade do Rio, ele pode dar vazão às múltiplas paixões que o movem. Compositor de samba, incansável pesquisador da cultura afro-brasileira e da história do subúrbio carioca, romancista, enciclopedista, e que também cultua orixás, nunca esteve tão produtivo.

Quase nada o tira do sério. A exceção: a resistência de alguns setores da sociedade às políticas de inserção social dos negros, sua principal bandeira ideológica. O debate público é acalorado, já rendeu acusações de racismo de parte a parte e foi um dos temas da conversa que tivemos com ele, num agradável encontro no sítio. Nei tem críticas de sobra à forma como a cultura negra é deixada de lado em nome de um “elogio à mestiçagem”, que, segundo ele, camufla a desigualdade racial ainda existente.

Afiado nas argumentações como é afinado na música, este é o resumo de sua formação. Caçula de 13 irmãos, foi o único a completar o primário e ir além: formou-se em Direito e chegou a advogar por oito anos. “Chateado” com a morosidade e a ineficácia do Judiciário, seguiu “naturalmente” o caminho da música, há décadas trilhado em sua família por tios e irmãos. Daí para escritor, livre-pensador, militante social e, agora, debatedor político.
Por onde quer passe, deixa marcas perenes. Do seu “terreiro”, o autor de obras referenciais como o samba “Senhora liberdade” e a Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana saúda a negritude e pede passagem.


REVISTA DE HISTÓRIA O carnaval ainda é uma festa negra?

NEI LOPES O samba é refém do racismo. Primeiro, sofreu um processo brutal de desafricanização. Estabeleceram um gueto para o que seria o samba africanizado, que é exatamente a escola de samba. Só que o gueto das escolas de samba foi desafricanizado também. Como diz um amigo meu, a sociedade brasileira conseguiu um negócio impressionante, que é criar uma cultura negra sem negros. As pessoas, de modo geral, não se dão conta disso. Pensam que escola de samba ainda é uma manifestação de cultura africana. Não é mais. O que havia de substrato africano no samba foi diluído. E o mais doloroso é que não há um carnaval em que esses supostos conteúdos africanos não sejam evocados pelas escolas de samba. Tem sempre uma coisa de orixás, de África, a África distante, esse é o chavão, não é? A África não está distante coisa nenhuma, a África está dentro da gente.

RH Não tem mais nem o samba de terreiro?

NL Não tem, porque a lógica é outra. Antigamente você entrava em um terreiro de escola de samba – que nem se chamava quadra, se chamava terreiro mesmo, exatamente como os da religião africana. Homem não entrava no terreiro, só mulher, como no candomblé, que hoje também não tem mais essa distinção. Até o sentido da roda do samba era o mesmo do candomblé: o sentido anti-horário. Era assim: tinha o puxador cantando, os compositores cantando, a bateria de frente, como é até hoje, mas no centro do terreiro ficavam as pastoras ensaiando. E elas rodavam como rodam as iaôs no candomblé. E tinha um diretor de harmonia no meio, coordenando aquilo. Qual era o objetivo? Era elas aprenderem o samba, fazerem o coro e dançarem de uma forma semelhante à que iriam apresentar no desfile na avenida. Hoje você vai a uma escola de samba e é um grande baile de carnaval. Apenas isso. Não tem sentido simbólico nenhum.

RH O Brasil está mais mestiço?

NL Eu discuto muito essa questão da mestiçagem, porque ela tem sido uma forma de negar a africanidade – “Não vamos discutir isso porque todos são mestiços”. Mas cadê a representação do lado africano dessa mestiçagem nos círculos de poder? Não tem. Quem repete isso com uma virulência cada vez maior é a “direita social”, Ali Kamel [jornalista, editor do jornal O Globo] e sua rapaziada, Demétrio Magnoli, etcétera e tal. O elogio da mestiçagem tem sido um empecilho ao avanço dos movimentos de direitos civis dos negros. E nem sei muito até onde vai esta mestiçagem, que a gente só vê na base da pirâmide. Não vê acima.

RH O embate sobre políticas para afro-descendentes está radicalizado?

NL Todos os que propugnam hoje pela inserção do negro acabam chamados de “racialistas”, para não dizer racistas. Escrevi um artigo no Globo esclarecendo que a exclusão do negro na sociedade brasileira após a abolição se dá basicamente em benefício dos imigrantes. O negro sai de cena, jogado fora, uma abolição com um artigo só – “Declaro extinta a Abolição no Brasil”. “E faz o que com eles agora?”, “Larga aí, eles se viram”. Nisso vêm entrando os imigrantes, recebendo subsídios, uma porção de coisas. Gilberto Freyre diz que os italianos foram os imigrantes mais paparicados da história do Brasil. A minha mulher é descendente de italianos. Citei isso no artigo. Rapaz, o Ali Kamel escreveu dizendo que eu era o [Jean-Marie] Le Pen [político francês de extrema direita] brasileiro. Para se manifestar a favor de qualquer coisa que seja “subversiva”, você tem que arcar com as consequências. Já fui discriminado também, isso é recorrente. Tem uma história muito engraçada da minha juventude lá no Irajá. Tinha um senhor, vizinho nosso, que me viu nascer ali. Quando eu me formei, ele começou a me chamar de doutor. “Doutor Nei, doutor Nei”. Bom, se ele quer chamar, deixa chamar. E quando larguei a advocacia e comecei a me dedicar à música, todo mundo ficou sabendo. Tem um clubezinho lá da vizinhança, fundado pelo meu pai junto com esse senhor, e houve uma divergência política meio acirrada. E esse senhor, no meio de uma discussão, me tratou de maneira meio ríspida, mal-educada. Eu reclamei e ele disse: “Eu o respeitava quando você era um doutor. Você agora é um sambista” [risos]. Engraçado isso, não é? É um preconceito social onde o etnorracial está embutido com tranquilidade.

RH A consciência quanto à origem étnica fez parte de sua formação?

NL Não, isso a gente adquire com o tempo. Inclusive eu fui desestimulado a ter essa consciência pelo fato de meus pais serem muito velhos. Meu pai é de 1888, nasceu antes da Abolição, e minha mãe nasceu em 1900. Para eles, era um assunto que não interessava. Como é que você vai querer pensar em afirmação negra em um contexto totalmente desfavorável, sabendo que isso não levaria a nada naquela época, só levaria para trás? Até bem pouco tempo, era ofensivo você dizer que alguém tinha ascendência africana. Em qualquer dicionário biográfico ou enciclopédia, a circunstância raramente é apontada. A não ser quando o cara se assume ou quando não tem condição de negar. Ou então quando você está querendo derrubar o cara: o Lima Barreto é sempre mostrado como mulato, talvez pelo fato de ter sido um outsider, com problema de alcoolismo e tal. Então, era “o mulato Lima Barreto”. Não era uma coisa que engrandecesse. A minha família não poderia agir de outra forma.

RH Como começou seu engajamento nessa questão?

NL Minha primeira mulher, a mãe do meu filho, era uma negra de família de classe média, com status econômico e social bem diferente do meu. Desde a década de 1950, seu pai e sua mãe frequentavam a questão étnica. Eu aprendi um pouco no convívio, percebi coisas que não percebia. Isso foi fundamental para mim. Conheci muita gente nessa época, negros que trabalhavam em atividades de cultura, o Teatro Experimental do Negro, a Orquestra Afro-Brasileira. Depois veio a coisa política mesmo, já na década de 70. Com a abertura política, pós-ditadura, as entidades negras se organizaram. A coisa tomou vulto, e eu comecei a ter um embasamento mais teórico. Porque não adianta ter só o sentimento; você tem que organizar isso na sua cabeça. Tem uma psicanalista famosa, negra [Neusa Santos Souza], que escreveu um livro chamado Tornar-se Negro. É isso: uma coisa que a gente se torna. É todo um processo até você se conscientizar. Hoje é muito mais fácil, a coisa já vem mais prontinha. A partir dos movimentos negros da década de 70, qualquer criança tem essa percepção.

RH Mas varia de região para região?

NL Muito. Na Zona Sul [do Rio de Janeiro] não existe cidadania em termos de cultura africana, a não ser, possivelmente, em algum núcleo de favela. É um sentimento mais forte no subúrbio, até pela circunstância numérica: você tem muito mais negros no subúrbio do que na Zona Sul. Seropédica tem uma população de 60% de afro-descendentes. Entre os absolutamente carentes, são 80%. Quanto mais afastado do centro, mais tem esse peso. É muito mais fácil, muito mais plausível, um negro suburbano ter consciência da sua identidade étnica do que um negro de outra região.

RH Qual o significado do subúrbio para você?

NL É a matriz da cultura carioca. A primeira freguesia do Rio de Janeiro ocupava um pedacinho do centro da cidade e ia, no máximo, até o atual Campo de Santana. A cidade era aquilo ali e o resto era o resto. Só que nesse resto, primeiro se constitui a freguesia de Irajá, onde, por felicidade, eu nasci, fui criado e tenho família até hoje. De Irajá é que nasceram Jacarepaguá, Campo Grande. Era o celeiro de abastecimento da Corte. Quando eu vou para o Rio, fico recuperando as coisas. Outro dia estava mostrando para a Sonia [sua mulher] um canal fétido, que você cruza quando vai pela Linha Vermelha, quase em frente ao Fundão: é o Canal da Pavuna, feito no século XIX para escoar a produção até o mar. É fundamental saber essas coisas. O que hoje é Gávea, Jardim Botânico, Lagoa, na Zona Sul, eram os subúrbios rurais da época, a ponto de a Gávea ter sido sede de um quilombo abolicionista.

RH No subúrbio também tinha quilombos?

NL Tinha. A Vila Cruzeiro – do Adriano “Imperador” [jogador do Flamengo] – sediou um quilombo fomentado e incentivado pelo vigário da Penha, que era da pesada, o padre português Ricardo Silva. É uma história muito bonita. Esse padre incentivou a grande festa da Penha. Foi o cara que reformou o templo, trouxe para o Brasil um conterrâneo dele, um grande arquiteto [Luiz Moraes Júnior] que deu o formato atual à Igreja da Penha. E Oswaldo Cruz, trabalhando na região, conheceu esse arquiteto e o convidou para fazer o palácio mourisco da Fundação Oswaldo Cruz. Interessante, não é? Bangu tem uma história muito bonita também. O futebol carioca como um esporte popular nasceu entre os operários da fábrica de tecidos Bangu. Durante muito tempo pensou-se que o Vasco tinha sido o pioneiro dessa abertura aos negros, mas não foi. Muita coisa precisa ser reabilitada para que se tenha uma visão diferente. Até para que os governantes tenham uma visão diferente. O atual prefeito, [Eduardo Paes], não sei se por empolgação por causa de Olimpíadas e Copa do Mundo, está acolhendo algumas idéias, como a de fazer um museu vivo na região de Madureira e Osvaldo Cruz, com a memória do samba de lá.



sexta-feira, 8 de julho de 2011

Partes da África sofrem pior seca dos últimos 60 anos, diz ONU

Atualizado em  28 de junho, 2011 - 13:47 (Brasília) 16:47 GMT
 
Refugiados somalis em Dadaab, em foto de abril (Reuters)
O campo de Dadaab, que já está lotado, recebe número sem precedentes de somalis diariamente
A ONU afirmou nesta terça-feira que algumas partes da região conhecida como "chifre" da África, localizado no nordeste do continente, foram atingidas pela pior seca dos últimos 60 anos, com mais de 10 milhões de pessoas afetadas.
O Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários afirmou que a crise relativa à falta de alimentos na região, que inclui países como Somália, Etiópia, Quênia, Uganda e Djibuti, é a pior do mundo.
Além da seca, os conflitos na Somália têm forçado um número sem precedentes de somalis a fugir para o Quênia, segundo informações da ONG Save the Children.
A organização humanitária relata que, diariamente, cerca de 1,3 mil pessoas – sendo ao menos 800 delas crianças – têm chegado ao campo de refugiados queniano de Dadaab.
O número mensal de chegadas ao campo mais do que dobrou no período de um ano, afirma a Save the Children.
Algumas famílias são forçadas a caminhar durante mais de um mês para chegar a Dadaab. As crianças chegam exaustas, subnutridas e severamente desidratadas.
Campo de refugiados
O conflito na Somália já vinha forçando a fuga de cidadãos rumo ao Quênia. Mas a forte temporada de secas e a alta no preço dos alimentos dificultaram ainda mais a situação de milhões de somalis.
A Somália é palco de um confronto entre o grupo islâmico Al-Shabab e um governo de transição, que tem o apoio das tropas de paz da União Africana.
O Programa Mundial de Alimentos da ONU (WFP, na sigla em inglês) estima que 2,5 milhões de somalis tenham sido afetados pela seca, com 58% deles vivendo do sul do país.
Mas até um milhão estão fora do alcance do WFP desde janeiro de 2010, segundo Peter Smerdon, do escritório do programa em Nairóbi, no Quênia.
"Não estamos trabalhando nas áreas do sul, controladas pelo Al-Shabab, depois que nossas equipes foram ameaçadas, intimidadas e enfrentaram exigências de pagamento", disse Smerdon à BBC.
Dadaab, que é na verdade um conjunto de três assentamentos, é considerado o maior campo de refugiados do mundo: abriga mais de 350 mil pessoas.
A ONG Médicos Sem Fronteiras diz que muitos dos recém-chegados ao local precisam desesperadamente de cuidados médicos.
Metade das crianças que chegam ao campo nunca sequer foi vacinada.
Como o conflito na Somália não dá sinais de trégua, e a expectativa é de que haja mais meses de secas no país, as condições de vida em Dadaab – que já está superlotado – tendem a piorar.
Até o momento, os esforços para descongestionar o campo e realocar os refugiados tiveram pouco sucesso.

sábado, 18 de junho de 2011

Cartazes - Sociedade do Consumo

Segue a publicação dos cartazes que melhor atingiram o objetivo da atividade "Produza um cartaz em folha A4, que trabalhe o tema : Globalização, avanços tecnológicos e sociedade do consumo."
Parabéns a todos que participaram das atividades.  

domingo, 29 de maio de 2011

África berço da humanidade e do conhecimento

Atualmente passamos por um processo de contestação dos motivos que levaram  ao enfraquecimento da identidade de nações africanas. O Neocolonialismo, o tráfico de escravos, as rupturas, a re-colonização e o restabelecimento das fronteiras são em partes reponsáveis pela situação de probreza do continente. Reescrever a história, a partir do olhar nativo, buscar as bases e a organização social posta antes da ação do colonizador faz-se necessário. Ativar o senso crítico sobre sua própria a existência é, segundo muitos estudiosos, o caminho a seguir.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

A sociedade do TER - CONSUMO, PROPAGANDA E SUAS CONSEQUÊNCIAS



A propaganda influencia o modo de vida das pessoas ou apenas reflete tendências? Esse é um dilema recorrente que a sociedade vivencia diariamente e vale para todas as questões, inclusive para o meio ambiente.
Esta semana vi um anúncio de uma montadora de automóveis cujo título espelha bem essa dúvida: “Sofisticação é ter mais do que você precisa e tudo que você deseja”.
Assinado por uma grande agência de São Paulo e aprovado por uma multinacional francesa, essa propaganda foi veiculada em página dupla de uma revista de circulação nacional.
Como assim? Sofisticação? Já é ruim pelo significado explícito, mas fica pior ao lermos as entrelinhas do título. No dicionário encontramos refinamento e esnobação como significado de sofisticação. Então podemos traduzir que ser refinado ou esnobe é ter mais do que você precisa e tudo que deseja.
Ter mais do que você precisa não é sofisticação, é desperdício tolo. É acumular coisas desnecessárias, consumir de forma irracional e estimular o uso predatório dos recursos naturais. Numa época em que discutimos aquecimento global e desenvolvimento sustentável, um anúncio desses parece um despropósito imenso. É usar a inteligência e talento publicitário para imprimir uma sandice sem tamanho.
Mas aí entra a segunda parte do questionamento. Afinal a propaganda é só uma ciência que estimula o consumo a qualquer preço ou tem uma utilidade maior?
Infelizmente, “ter mais do que você precisa e tudo que você deseja” é visto como sinônimo de sucesso. Êxito profissional e pessoal são medidos pelo que ostentamos, pelo que consumimos e aparentamos ser.
Não quero apontar o dedo e afirmar que este nosso comportamento é certo ou errado, apenas propor uma reflexão sobre como os fatos estão interligados.
Preservação ambiental e egoísmo são imiscíveis, não se misturam por nada, são absolutamente incompatíveis. É importante agirmos com consciência coletiva, pensar e viver de acordo com o desenvolvimento de nossas virtudes.A evolução é um caminho sem volta, mas muitas vezes ficamos parados feito poste diante de tantas opções para exercitarmos nosso egoísmo, vaidade e orgulho.
O anúncio do automóvel tenta nos convencer que “sofisticação é ter mais do que você precisa e tudo que você deseja”, mas também nos estímula ao raciocínio lógico sobre qual mundo estamos construindo. Queremos viver nesse mundo falsamente sofisticado, ou optaremos por valores mais saudáveis para nós e nossos filhos? Cada um tem uma resposta. Qual é a sua?

Fonte: texto adaptado http://www.vivaitabira.com.br/viva-colunas/index.php?IdColuna=285