quarta-feira, 18 de maio de 2011

A sociedade do TER - CONSUMO, PROPAGANDA E SUAS CONSEQUÊNCIAS



A propaganda influencia o modo de vida das pessoas ou apenas reflete tendências? Esse é um dilema recorrente que a sociedade vivencia diariamente e vale para todas as questões, inclusive para o meio ambiente.
Esta semana vi um anúncio de uma montadora de automóveis cujo título espelha bem essa dúvida: “Sofisticação é ter mais do que você precisa e tudo que você deseja”.
Assinado por uma grande agência de São Paulo e aprovado por uma multinacional francesa, essa propaganda foi veiculada em página dupla de uma revista de circulação nacional.
Como assim? Sofisticação? Já é ruim pelo significado explícito, mas fica pior ao lermos as entrelinhas do título. No dicionário encontramos refinamento e esnobação como significado de sofisticação. Então podemos traduzir que ser refinado ou esnobe é ter mais do que você precisa e tudo que deseja.
Ter mais do que você precisa não é sofisticação, é desperdício tolo. É acumular coisas desnecessárias, consumir de forma irracional e estimular o uso predatório dos recursos naturais. Numa época em que discutimos aquecimento global e desenvolvimento sustentável, um anúncio desses parece um despropósito imenso. É usar a inteligência e talento publicitário para imprimir uma sandice sem tamanho.
Mas aí entra a segunda parte do questionamento. Afinal a propaganda é só uma ciência que estimula o consumo a qualquer preço ou tem uma utilidade maior?
Infelizmente, “ter mais do que você precisa e tudo que você deseja” é visto como sinônimo de sucesso. Êxito profissional e pessoal são medidos pelo que ostentamos, pelo que consumimos e aparentamos ser.
Não quero apontar o dedo e afirmar que este nosso comportamento é certo ou errado, apenas propor uma reflexão sobre como os fatos estão interligados.
Preservação ambiental e egoísmo são imiscíveis, não se misturam por nada, são absolutamente incompatíveis. É importante agirmos com consciência coletiva, pensar e viver de acordo com o desenvolvimento de nossas virtudes.A evolução é um caminho sem volta, mas muitas vezes ficamos parados feito poste diante de tantas opções para exercitarmos nosso egoísmo, vaidade e orgulho.
O anúncio do automóvel tenta nos convencer que “sofisticação é ter mais do que você precisa e tudo que você deseja”, mas também nos estímula ao raciocínio lógico sobre qual mundo estamos construindo. Queremos viver nesse mundo falsamente sofisticado, ou optaremos por valores mais saudáveis para nós e nossos filhos? Cada um tem uma resposta. Qual é a sua?

Fonte: texto adaptado http://www.vivaitabira.com.br/viva-colunas/index.php?IdColuna=285

4 comentários:

  1. Não queremos viver nesse mundo, apesar dele se mostrar tentador... Porém as pessoas não querem sair da sua zona de conforto. Alguns não querem mudar, pois é bom para eles; no entanto, os poucos que agem não conseguem lidar com tanto poder e arrogância. É um caso difícil de lidar. Os poderosos mandam no mundo, e eles o querem assim. Podem reprimir opiniões ou protestos com agressividade ou chantagem, logo as pessoas ficam com medo de expor sua ideia. Será possível mudar essa situação?

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  2. Anônimo disse...Indivíduo
    “Indivíduo ou ser individual significa o portador ou sujeito concreto de uma essência em sua peculiaridade não – comunicável. De indivíduo deriva individuação, termo que designa a determinabilidade individual, ou seja, aquilo que faz com que este indivíduo seja precisamente este e se distinga de todos os outros, por exemplo: este determinado ser – GABRIELA. “( BRUGGER, 1977, p. 230)
    O sociologo Emile Durkheim em termos de representações coletivas e instituições trata de separar o social do individual como duas esferas independentes da realidade humana. Para ele, “ a sociedade não é mera soma de indivíduos ; ao contrário , o sistema formado por sua associação representa uma realidade específica que tem suas próprias características “, e é “na natureza dessa individualidade (...) que se deveriam buscar as causas imediatas e determinantes dos fatos que lá aparecem”. A referência aos fenômenos de “ síntese criadora “ na natureza serve-lhe para comprovar , por analogia, a separação entre os dois níveis de realidade.
    Em resumo a função da escola é tornarmos capazes de refletir e questionar a realidade que vivemos,ainda que mudar o mundo seja muito dificil,é importante sabermos que temos opções quanto a padrões que a mídia impõe a sociedade, como por exemplo: " o mito do corpo perfeito", a "ditadura da moda", apenas o "moderno e luxuoso é aceitável", "você é o que você consome".... o ser humano não precisa destes padrões, vivemos numa sociedade diversa e plural, nossa consciência é livre e jamais deve ser alienada... a imposição de valores.

    29 de maio de 2011 12:19

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  3. Profgeomauri@gmail.com30 de maio de 2011 às 09:48

    “A indústria cultural vende Cultura. Para vendê-la, deve seduzir e agradar o consumidor. Para seduzi-lo e agradá-lo, não pode chocá-lo, provocá-lo, fazê-lo pensar, fazê-lo ter informações novas que perturbem, mas deve devolver-lhe, com nova aparência, o que ele sabe, já viu, já fez. A ‘média’ é o senso-comum cristalizado que a indústria cultural devolve com cara de coisa nova [...]. Dessa maneira, um conjunto de programas e publicações que poderiam ter verdadeiro significado cultural tornam-se o contrário da Cultura e de sua democratização, pois se dirigem a um público transformado em massa inculta, infantil, desinformada e passiva.”
    (CHAUÍ, Marilena. Filosofia. 7. ed. São Paulo: Ática, 2000. p. 330-333.)

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  4. Silmara Bastos 9°R ProfªAliete Ferreira Gonçalves

    Talvez o tanto que se ouve hoje no nosso dia-a-dia em propagandas para mudar de vida, ter um carro melhor, uma casa melhor, leve as pessoas a acharem que é comum comprar tudo o que se quer para simplesmente possam mostrar para os outros que são melhores e tem uma vida melhor que a do ”amigo” ou do vizinho.

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